Frustração. Foi o sentimento de quem dirigiu pelo menos 28 quilômetros em estrada de chão, desde a BR-116 até a localidade de Santa Isabel, emArroio Grande, com a intenção de atravessar via balsa o canal São Gonçalo para chegar à BR-471, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. Nesta terça-feira (17) pela manhã, um grupo de pessoas dividido em dois carros aguardava, do lado de Rio Grande, para realizar a travessia e foram alertados pelo balseiro de que o serviço não era realizado. Frustrados, realizaram o caminho de volta.
O sentimento foi compartilhado por vários motoristas, ao longo desta semana, e que esperavam ver em funcionamento a embarcação, com travessia oficialmente autorizada no sábado, pelo secretário de Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues, conta o balseiro Oscar Azambuja. Ele é casado com a proprietária da microempresa Lucia Azambuja Pescados, vencedora da licitação para a realização do serviço.
Apenas um detalhe, mas fundamental para seu deslocamento, impede que a embarcação se mova entre uma margem e outra do canal. Um cabo, com comprimento de 200 metros, precisa ser estendido entre um lado e outro do canal, para servir como guia à embarcação, que fará uma travessia de 170 metros, com duração aproximada de três minutos. Para isso, é necessária a utilização de outra embarcação, uma panga, espécie de lancha, cuja ajuda é esperada pelos proprietários da balsa entre esta quarta e quinta.
A expectativa é de que até o final desta semana, a tão esperada balsa de Santa Isabel esteja em pleno funcionamento. “Foram mais de oito anos de espera e hoje a travessia é uma realidade para todos nós”, diz Lúcia. Segundo ela, o serviço irá funcionar diariamente, inclusive aos finais de semana, das 7h às 19h. No verão, de acordo com a demanda, a ideia é prolongar pelo menos mais duas horas, até as 21h.
Além dela e do marido, mais dois funcionários irão se revezar em dois turnos para atender a demanda, que espera seja alta. Com dimensão de 44 metros e capacidade para transportar até 100 toneladas, a balsa irá carregar caminhões bitrens, carretas e trucks, um por vez. Veículos de passeio cabem até 25 carros, devidamente acomodados, diz Oscar. No total, entre embarque, travessia e desembarque, a operação deve levar em torno de dez minutos, calcula.
A balsa é nova e exigiu investimentos altos, segundo a proprietária. “A Marinha esteve aqui para uma última vistoria e está tudo de acordo com as normas de segurança exigidas”, afirma. As tarifas variam entre R$ 8,95 para carros de passeio, R$ 35,75 para caminhão truck e R$ 44,65 a carreta. Estes dois últimos passam um de cada vez.
O povoado
A localidade de Santa Isabel, 3º distrito de Arroio Grande, é um povoado antigo, data de 1801, segundo o subprefeito José Inácio Lemos dos Santos. A principal atividade é a pesca, que tem 140 trabalhadores registrados e reunidos através da Cooperativa de Pescadores de Santa Isabel Ltda. (Coopesi). No local, vivem em torno de 480 moradores, divididos em pelo menos 146 famílias, a maioria adultos e pelo menos 174 crianças com menos de 16 anos.
A localidade de Santa Isabel, 3º distrito de Arroio Grande, é um povoado antigo, data de 1801, segundo o subprefeito José Inácio Lemos dos Santos. A principal atividade é a pesca, que tem 140 trabalhadores registrados e reunidos através da Cooperativa de Pescadores de Santa Isabel Ltda. (Coopesi). No local, vivem em torno de 480 moradores, divididos em pelo menos 146 famílias, a maioria adultos e pelo menos 174 crianças com menos de 16 anos.
A balsa, que teve recepção festiva pela população, na sua chegada na última quinta-feira, acende uma esperança de movimentar o comércio e os serviços do pequeno vilarejo. “As expectativas são as melhores, pois há muitos produtores de arroz com intenção de levar seu produto para Rio Grande, onde o preço é melhor”, diz Santos. Com isso, além de movimentar a cidade, o vai e vem de pessoas deve movimentar também as atividades informais.
O percurso até o porto de Rio Grande, via Santa Isabel, é encurtado em pelo menos 120 quilômetros, além de desonerar dois pedágios, ressalta. Isto torna o percurso, mesmo que por estrada de chão, mais atraente para produtores e transportadores de pelo menos quatro municípios além de Arroio Grande,Jaguarão, Pedro Osório, Cerrito e Herval.
Acessos
Da BR-116, desde o entroncamento de acesso ao município de Pedro Osório até a localidade de Santa Isabel, é percorrido trecho de 28 quilômetros de estrada de chão, pela ERS-473, o que deve exigir recuperação constante pelas prefeituras, com o aumento do trânsito, especialmente de caminhões no local.
Da BR-116, desde o entroncamento de acesso ao município de Pedro Osório até a localidade de Santa Isabel, é percorrido trecho de 28 quilômetros de estrada de chão, pela ERS-473, o que deve exigir recuperação constante pelas prefeituras, com o aumento do trânsito, especialmente de caminhões no local.
Após a travessia, o motorista terá de percorrer mais um trecho de 17 quilômetros de estrada de chão, até a BR-471, que leva à Santa Vitória do Palmar. Até a localidade da Quinta, são mais 30 quilômetros por asfalto. Na avaliação do subprefeito, levando-se em conta a economia, vale a pena todo o esforço realizado para reativar o serviço, desativado há pelo menos dez anos.
Entenda
A implantação da travessia foi autorizada, no dia 9 de dezembro de 2013, pelo governo do Estado, por meio da Superintendência dos Portos e Hidrovias (SPH) para que tivesse início no mês de janeiro deste ano. De acordo com a assessoria de imprensa da Seinfra, o atraso ocorreu devido a algumas exigências realizadas pela Marinha, após vistoria. Foi solicitado à empresa concessionária, a colocação de gradis na volta da embarcação, para garantir a segurança dos passageiros.
A implantação da travessia foi autorizada, no dia 9 de dezembro de 2013, pelo governo do Estado, por meio da Superintendência dos Portos e Hidrovias (SPH) para que tivesse início no mês de janeiro deste ano. De acordo com a assessoria de imprensa da Seinfra, o atraso ocorreu devido a algumas exigências realizadas pela Marinha, após vistoria. Foi solicitado à empresa concessionária, a colocação de gradis na volta da embarcação, para garantir a segurança dos passageiros.
Um movimento liderado pelo prefeito de Arroio Grande, Luís Henrique Pereira, exigiu o retorno da travessia em Santa Isabel, tão logo assumiu o comando do Executivo arroio-grandense. Em junho de 2013, um protesto paralisou a BR-116, junto ao trevo de acesso de Pedro Osório e a localidade de Santa Isabel.
Fonte Diário Popular