Magistrada, que fez história à frente a 1ª Vara Criminal e da Vara de Execuções Criminais, lutava contra um câncer há três anos
Morreu na madrugada desta terça-feira (16), emPelotas, a juíza de direito aposentada Nilda Stanieski, 62. A magistrada que fez história à frente a 1ª Vara Criminal e da Vara de Execuções Criminais (VEC) lutava contra um câncer há três anos. O sepultamento foi realizado no final desta tarde no Cemitério São Francisco de Paula.
Natural de Porto Alegre e formada pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), Nilda tomou posse como juíza de direito em 1987 no município de Seberi e como juíza substituta no Juizado de Menores de Porto Alegre. Antes de chegar a Pelotas em 1997, trabalhou em Jaguarão por oito anos.
Trabalhou até a aposentadoria na 1ª Vara Criminal de Pelotas e na VEC. Descrita por colegas, promotores e advogados como uma apaixonada pela magistratura, Nilda tornou-se referência na Comarca de Pelotas. "Foi uma juíza extremamente humana, firme e que sempre teve uma visão de um Judiciário justo e progressista", diz o promotor José Olavo Passos, que entre 1998 e 2004 trabalhou ao seu lado na VEC.
Entre as causas nas quais atuaram juntos, o promotor destaca o julgamento do casal José Ângelo Oliveira e Carla Vázquez, acusados de torturar e matar a pauladas o filho caçula de Carla, Bruno Vázquez Taurino, de quatro anos. Os dois foram condenados a uma pena que, somada, chegou a 200 anos de prisão. Na VEC, o promotor destaca a luta travada pela magistrada para melhorar as condições de vida no Presídio Regional de Pelotas, tanto através de uma série de convênios e atendimentos prestados aos apenados, como pelas constantes intervenções, as quais submetia a penitenciária. Passos destaca, ainda, que Nilda foi uma das primeiras juízas gaúchas a conceder remissão de pena para presos que estudavam ou participavam de grupos terapêuticos.
Para a criminalista e professora da Universidade Federal de Pelotas, Ana Cláudia Siqueira Lucas, a dedicação e o comprometimento com a defesa intransigente dos direitos humanos foram as principais marcas deixadas por Nilda Stanieski. "Atentar a visão tanto para os réus, como para as famílias das vítimas, foi a grande lição que ela deixou", diz.
Em 2009, a juíza recebeu da Câmara de Vereadores o título de Cidadã Pelotense.
Em 2009, a juíza recebeu da Câmara de Vereadores o título de Cidadã Pelotense.
FONTE DIÁRIO POPULAR
Por: Álvaro Guimarães