Desde o início do ano cinco pessoas já procuraram a 3ª Delegacia de Polícia (DP) na Cohab Fragata para registrar terem caído no golpe e outra já comunicou que irá prestar queixa esta semana, mas, de acordo com a delegada interina, Carla Kuhn, o número pode ser muito maior. "Há muita vergonha destas pessoas em admitir que foram vítimas deste tipo de fraude", justifica. A idade avançada das vítimas, todas as identificadas até agora têm entre 75 e 85 anos, é vista como outro fator que influencia a falta de denúncias, pois, por temer serem repreendidas pela família, estas pessoas preferem calar diante do crime. "As pessoas precisam deixar a vergonha de lado e procurar a delegacia para fazer suas denúncias, pois somente assim conseguiremos prendê-los", ressalta Carla.
Os identificados
Porém, foi graças ao cruzamento das informações contidas nos registros feitos na 3ª DP que os agentes conseguiram chegar aos nomes de Edson Soares Brito, 60, e Maria Albertina Guollo Cittadin, 46, apontados como autores tanto de golpes contra idosos, como contra hotéis de Pelotas, nos quais deixaram para trás contas que beiram os R$ 10 mil.
A polícia descobriu que os dois agiram em Pelotas entre outubro e fevereiro e neste período fizeram - no mínimo - quatro vítimas. Todas foram abordadas na saída de bancos e acabaram atraídas a participar do golpe do bilhete.
"Uma das pastas que ele carregava estava cheia de documentos e outros papéis que acredito ser bilhetes de loteria", conta Jaci da Rosa, proprietário de um hotel, no qual a dupla se hospedou por dois dias e foi embora deixando aberta uma conta de R$ 280,00.
Em outro hotel, do qual fugiram deixando mais de R$ 5 mil em despesas não pagas, Brito e Maria Albertina esqueceram um punhado de documentos, apreendidos pela polícia e usados para que as vítimas pudessem realizar a identificação dos criminosos através das fotos. Todas as identificações feitas até agora foram positivas.
"Agora, estamos tentando estabelecer a relação destes dois com os outros estelionatários que têm aplicado este tipo de golpe na região", diz a delegada. De acordo com as contas da polícia, há entre cinco e dez farsantes agindo entre as duas maiores cidades da Zona Sul do Estado. Em alguns casos as vítimas descrevem o uso de um carro de luxo branco por um dos quadrilheiros e em outros o veículo usado é escuro. O casal identificado em Pelotas agia a pé.
Grana alta
Os registros feitos na Polícia Civil mostram que os prejuízos causados às vítimas são altos. Uma idosa de Rio Grande, por exemplo, entregou R$ 15 mil aos bandidos na esperança de receber uma recompensa muito maior. Em Pelotas, os golpistas têm faturado entre R$ 3 mil e R$ 7 mil a cada golpe.
Crime e dicas
O golpe é simples: na saída do banco a vítima é abordada por um dos golpistas que a distrai, pedindo uma informação qualquer, até o outro entrar em cena dizendo estar procurando uma agência bancária para trocar um bilhete de loteria premiado. Em seguida, o golpista oferece parte do prêmio para quem ajudá-lo, dizendo não ter como esperar os trâmites para descontar o bilhete por estar com viagem marcada para logo. O bandido diz aceitar vender o bilhete por determinado valor. Incentivada pelo outro desconhecido, a vítima acaba induzida a sacar dinheiro e entregar ao farsante.
Dicas para os idosos
- Evite ir sozinho ao banco
- Não dê assunto para estranhos
- Se receber alguma proposta parecida como esta chame a polícia
Fonte Diário Popular