A Petrobras deve divulgar esta semana as estratégias de negócios futuros e os números do corte de investimentos. Na última sexta-feira, o conselho de administração da estatal esteve reunido por cerca de nove horas para debater temas previstos na pauta, como a revisão do contrato de cessão onerosa e possíveis desinvestimentos para os próximos cinco anos. Entre eles, estariam os relacionados à construção das plataformas P-75 e P-77 em Rio Grande.
Segundo fontes ligadas à empresa, a intenção é divulgar um comunicado com informações da reunião ainda nesta segunda-feira (29). O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves, afirma que um encontro entre Consórcio QGI - construtora das plataformas - e Petrobras deve ocorrer entre amanhã e quarta-feira, mas diz não acreditar mais em promessas. “O que podemos fazer agora é rezar para que eles fechem um novo acordo.”
Segundo a prefeitura de Rio Grande, o setor possui oito mil empregados e em torno de nove mil desempregados. A construção das plataformas significaria alívio para a indústria naval e poderia gerar cerca de 2,5 mil empregos diretos e dois mil indiretos.
Na sexta-feira o mercado aguardava a definição de metas de produção e redução de endividamento como sinalização para retomada da confiança na estatal - abalada desde a revelação dos escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato. Apesar da expectativa, os integrantes do colegiado já indicavam ao longo da semana que poderia não haver consenso sobre o tamanho de corte de aportes.
A estatal elaborou diferentes cenários para os investimentos da companhia entre 2015 e 2019, com reduções que oscilavam entre 25% e 40%, de acordo com variáveis como cotação do petróleo, variação cambial e geração de caixa. Se confirmado, o investimento ficaria abaixo da casa dos 200 bilhões de dólares pela primeira vez desde 2009. Também era aguardado um maior detalhamento sobre possíveis vendas de ativos e sobre a reestruturação administrativa da companhia, mas as dúvidas persistem.
Para o consultor Walter de Vitto, o adiamento não é “decisivo” para o futuro da empresa. “O importante são as medidas a serem anunciadas - para isso, teremos que aguardar”, contemporizou. O analista Flávio Conde, do blog WhatsCall, avalia que “não sair corte é pior do que sair um corte pequeno”. “Eles (a diretoria) tiveram tempo suficiente para chegar numa conclusão para convencer os conselheiros. Se não conseguiram, é porque alguma coisa não saiu dentro do esperado”, completou.
Para Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a indefinição revela as dificuldades da atual administração para encontrar soluções para a fragilidade financeira da companhia. “É um sinal de que esse mandato não é independente, que não há estratégia para tirar a Petrobras da situação em que se encontra. Se o conselho tivesse liberdade, já teria cortado e feito reajuste de preços”, afirmou.
Fonte: Diário Popular