As condições do cabo obrigaram à paralisação da balsa três vezes - em cada, a travessia parou por aproximadamente três meses. Na última safra de soja e arroz, que em geral ganha força de janeiro a março, o transporte não estava em operação. A época de colheita era a maior aposta de lucro dos empreendedores do transporte - em média 400 mil toneladas de grãos produzidos são escoados a Rio Grande. A travessia pelo São Gonçalo seria preferência entre os motoristas, pois poupam o pagamento de um pedágio e 120 quilômetros de distância. Porém, os estragos causados nos veículos pelo trecho de 30 quilômetros saem mais caros.
O trabalhador rural Jacy Silva, 67, mora em frente à estrada e confirma as dificuldades. Na lida com a pecuária de corte, ele atua no carregamento de gado. “Ah, é um horror. Semana passada levamos uns 200 bois e foi terrível”, comenta, enquanto observa os desníveis e o barro da estrada de chão. Serviços gerais de uma transportadora de soja também localizada na ERS-473, Giovane da Silva Miranda, 50, afirma que a empresa prefere gastar mais com combustível e tempo a ter outro episódio de atolamento de caminhão. “Estamos esperando arrumarem as estradas pra voltar a passar lá”.
Caminho
Para chegar até Santa Isabel é preciso sair da BR-116, próximo à entrada de Arroio Grande, e trafegar na ERS-473. Ao deixar o distrito pelo canal São Gonçalo, cada veículo segue na rodovia de chão batido até a BR-392, que dá acesso a Rio Grande. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) responde pela estrada sem pavimento, no entanto, não fez pronunciamento sobre a situação da ERS-473 até o fechamento desta edição.
“Pra nós essa situação toda é de muito prejuízo. Estamos pensando em parar de vez”, desabafa uma das administradoras da empresa responsável pela balsa de Santa Isabel, Edelzira Azambuja. Dois funcionários são remunerados para manter o transporte em funcionamento. Atualmente, entre sexta e domingo são realizadas aproximadamente 40 viagens. Nos outros dias da semana o número reduz a pouco mais de 20. Em novembro, período que inicia a colheita de algumas culturas, o fluxo chegou a 90 travessias diárias. A balsa percorre 170 metros de extensão no canal.
Valores cobrados por transporte
Carro R$ 10,00
Reboque R$ 14,00
Caminhão toco R$ 27,00
Caminhão trucado R$ 37,00
Carreta R$ 45,00
Bitrem R$ 54,00
Fonte;Diário Popular