Sete vacas da raça red angus foram atacadas por abigeatários na madrugada desta quarta-feira (7), na fazenda do Ipê, estrada do Matarazzo, emPedro Osório.
Os animais foram baleados e em seguida carneados no campo. Conforme o criador Gelcy Ferreira, os animais estavam prontos para o abate. Segundo ele, cada animal pesava 650 quilos e estavam avaliados em R$ 3 mil. Ele calcula prejjuízo de mais de R$ 20 mil. "Não é a primeira vez que acontece isso na minha propriedade. Há dois anos bandidos fizeram a mesma coisa. O que questiono é cadê a fiscalização? Essas pessoas que fizeram isso transportam a carne de um lado para o outro e ninguém vê nada?", perguntou.
O titular da delegacia do município, Osmar dos Anjos, abriu inquérito para investigar o caso. "Abigeato infelizmente é um crime muito comum na nossa região. Além do delito, põe em risco a saúde das pessoas que consomem o produto sem inspeção e salubridade", disse. De acordo com o delegado, os abigeatários ainda não foram identificados.
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que na Zona Sul, o delito teve uma queda se comparado ao mesmo período do ano passado. Segundo a SSP, houve uma redução de 6,4% entre 2014 e 2015. Segundo a secretaria, cerca de 14 mil cabeças de gado são furtadas ao ano no Estado, onde o rebanho chega perto de 14 milhões.
No início do mês de setembro, a Câmara de Deputados aprovou a proposta do parlamentar Afonso Hamm (PP), que prevê penas maiores para quem comete esse tipo de crime. O texto aprovado estabelece prisão de dois a cinco anos e pagamento de R$ 500 a R$ 1 mil a quem vender, ter em depósito para vender ou expor à venda e entregar carne e outros alimentos sem procedência legal.
O projeto diz também que adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, vender, animal quadrúpede domesticável para produção pecuária, que saber ser produto de crime, a pena é de reclusão, de dois a oito anos, e multa. O texto segue agora para a apreciação do Senado.
História
O furto de gado, atividade conhecida como abigeato, é um crime que existe desde antes da fundação do Rio Grande do Sul.
Levando em consideração uma eventual imprecisão histórica, é fato que bandos de abigeatários não só sobrevivem há séculos, como também chegaram aos dias atuais exibindo maior eficiência nos furtos. Para isso, aliaram-se a quadrilhas que têm outros negócios ilegais e fizeram com que a carne chegasse com mais rapidez ao consumidor.
No princípio, o objetivo do furto era alimentar a família. Era conhecido como abigeato de garupa. Mais tarde, a carne passou a ser vendida aos açougues nas periferias. Hoje, os abigeatários transportam o gado para centros clandestinos de abate.
Entre os motivos que contribuíram para a perenidade desse de crime estão a dificuldade de enquadrar os abigeatários em crimes graves do Código Penal - como formação de quadrilha - a falta de estrutura na investigação e os problemas na identificação da procedência da carne.
Fonte: Diário Popular