Ao classificar a assinatura do contrato como a oportunidade de incentivar a economia local, Sartori optou por deixar os comentários da crise financeira em segundo plano. Mas, utilizando o exemplo de convênio entre iniciativa privada e o Poder Público gaúcho, defende a ampliação da estratégia como uma das alternativas ao rombo dos cofres do Estado. Assim como o governador, o prefeito Eduardo Leite (PSDB) também demonstrou-se favorável às parcerias público-privada, assim como tem realizado na administração do município.
Segundo os dados apresentados pelo diretor-presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Nunes, o escoamento das cargas de eucalipto da região à Guaíba por meio da atividade portuária pelotense pode gerar mais de 800 empregos diretos. Além disso, o contrato pode atrair mais atividades no Porto, representando a possibilidade de fomento ao setor. Os números dão dimensão ao estímulo do Porto com o contrato: após o início das operações - previstas para março do próximo ano - a movimentação de cargas salta de 45 mil toneladas por ano para cerca de 1,2 milhão no mesmo período.
A cerimônia de assinatura reuniu secretários do primeiro escalão, como o de Transportes e Mobilidade, Pedro Westphalen (PP), o de Educação, Vieira da Cunha (PDT) e o de Desenvolvimento Econômico, Fábio Branco (PMDB). Também participaram da solenidade, representantes da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) e o chefe da divisão do Porto de Pelotas, Cláudio Oliveira. Antes de participar da assinatura do contrato no Porto, o secretário de Transportes, Pedro Westphalen, esteve na Câmara de Vereadores para ouvir demandas dos parlamentares e falar sobre o projeto.
Diante dos parlamentares, Westphalen salientou a importância estratégica do Porto para o desenvolvimento da região. Os vereadores falaram da necessidade de melhorar os acessos e estrutura do local para receber caminhões. Vitor Paladini (PMDB) sugeriu acesso férreo ao Porto e através de estrada saindo da BR-392. Westphalen afirmou haver grupo de estudo sobre o caso. Ivan Duarte (PT) falou que o aumento no número de caminhões poderá gerar transtornos a moradores próximos ao local. Segundo o diretor do Porto, Cláudio Oliveira, a direção está aberta ao diálogo sobre questões sociais.
Obras no Porto
Para garantir a presença da CMPC em Pelotas, o município irá requalificar as vias de acesso ao Porto para tentar minimizar os impactos das vias urbanas da região com o crescimento do fluxo de caminhões pelas ruas do município. O acesso da BR-471 será realizado pela rua Saturnino de Brito, passando pela Uruguai, Almirante Tamandaré, General Osório e a Conde de Porto Alegre para chegar até os armazéns e o cais.
Em parceria com a empresa, serão investidos aproximadamente R$ 1,8 milhão em obras de pavimentação e melhorias no trânsito. Metade deste valor deve ser custeado pela CMPC, e a outra metade dividida entre Executivo municipal e outras empresas que utilizarão o acesso. Além disso, projeto entregue pelo prefeito ao governador contempla a revitalização das Doquinhas e do Quadrado, área de lazer situada ao longo do Porto, com orçamento de R$ 300 mil. O montante necessário para estas intervenções deverão ser da iniciativa privada com complementação da prefeitura.
Prefeitos reivindicam
Após realizarem protesto no início desta semana, os prefeitos dos 23 municípios da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) entregaram um documento ao chefe do Executivo gaúcho pedindo soluções para a crise enfrentada na saúde, com os atrasos de repasses pelo governo estadual. No texto, os gestores “apelam” para o “bom senso” de Sartori na regularização das transferências. Com dívidas que ultrapassam R$ 57 milhões, as prefeituras lutam para não fechar as portas das unidades básicas de atendimento e das instituições hospitalares.
A crítica mais forte foi feita pelo prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), que citou os impactos no serviço de hemodiálise na Santa Casa rio-grandina. “Se precisarmos parar com esse serviço, isso significará, certamente, a morte dos pacientes”, argumentou. O governador afirmou a intenção de analisar a carta, enviando à Secretária de Saúde e acelerando os empréstimos aos hospitais filantrópicos pelo Banrisul para tentar solucionar parte do problema. Contudo, Sartori não deixou claro se tratará a questão como prioridade. “Atraso a gente tem em tudo. Estamos devendo fornecedores, transporte escolar, tem problemas em tudo”.
Investimentos em meio a protesto
No final da tarde desta terça, o governador e as lideranças realizaram o ato de entrega de 1.170 netbooks à 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para implantação do projeto Laboratórios Móveis em 39 escolas, financiado em parceria com o Banco Mundial. Com a presença de manifestantes de entidades sindicais do servidores e do Cpers, a Brigada Militar (BM) montou forte esquema de segurança na entrada e saída ao prédio. Apesar do clima de indignação dos protestantes, não houve confronto e o ato foi pacífico.
Para o diretor do 24ª Núcleo do Cpers, Mauro Amaral, a presença dos servidores evidencia o descontentamento da categoria aos projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa.”Repudiamos como o governo tem enfrentado a crise e esse ajuste fiscal não pode ser em cima do funcionalismo”. Grupo de estudantes ligados ao Grêmio Estudantil do Pedro Osório juntaram-se ao grupo após afirmarem ter sido barrados no prédio para manifestarem-se contra Sartori.
Durante a cerimônia de entrega e logo depois de ter enfrentado o primeiro ato dos servidores, o prefeito Eduardo Leite defendeu as atitudes do governador na tentativa de equilibrar as finanças públicas. Segundo o tucano, a situação atual do Estado é resultado de gestores com a postura diferente do atual governo, os quais teriam assumido compromissos que não poderiam ser cumpridos pelos respectivos governos ou pelos futuros.
Para encerrar a agenda na região, Sartori participou da abertura da 4ª Feira do Polo Naval do Rio Grande do Sul, no Partage Shopping Rio Grande, eventos que integram as comemorações do centenário do Porto Novo. Também foram entregues 2.555 netbooks à 18ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para atender 14 escolas do Chuí, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e São José do Norte.
Fonte; Diário Popular