A morte da jovem Caroline chocou a cidade.
A violência e a crueldade do ex-companheiro deixaram marcas em várias pessoas. O suspeito foi detido a algumas quadras do local do crime. No entanto, a forma como aconteceu a prisão não foi das mais simples. A população foi quem prendeu o assassino e precisou evitar uma tragédia ainda maior, já que o autor do crime corria risco de ser linchado.
O comerciário Luciano Dias, 44, presenciou o assassinato. Ele estava passeando de bicicleta com a esposa quando percebeu a movimentação de várias pessoas correndo. Ao procurar entender o que acontecia, se deparou com uma cena que nunca vira "nem em filme". "Primeiro eu achei que fosse assalto na farmácia. Depois eu fui mais pra frente e vi a menina no chão, se debatendo, com o rapaz a golpeá-la com a faca", conta.
Luciano ficou atônito com a falta de reação de quem assistia ao crime. Sem saber o que fazer, resolveu agir. "Eu comecei a gritar e ele saiu correndo em direção à rua General Osório e jogou a faca longe", diz. A perseguição durou alguns minutos. Com a ajuda de um motociclista, que usou seu veículo para impedir a fuga, Luciano conseguiu segurar o assassino nas proximidades da rua Doutor Cassiano.
Com D.P. imobilizado, foi preciso evitar que a população fizesse justiça com as próprias mãos. "Tinha gente já com um canivete, querendo matar o cara. Tivemos que ganhar no grito."
Linha ocupada
Além da morte violenta da jovem e da omissão dos seguranças dos estabelecimentos mais próximos, que ficaram sem ação enquanto D.P. golpeava a ex-companheira, o que mais indignou Luciano foi a dificuldade em conseguir contato com a polícia. "Em pleno mês de dezembro, quando o movimento no comércio é maior, não tem um policial no centro da cidade. Muito menos alguém da Guarda Municipal (GM). Fiquei quase 30 minutos tentando ligar pro 190, segurando o cara, evitando que ele fosse linchado, e nada de alguém atender", desabafa.
Mais tarde, quando agentes da GM foram avisados e chegaram para efetuar a prisão, Luciano ficou sabendo da morte de Caroline. "Minha esposa ficou no local tentando ajudar a estancar o sangue, mas não adiantou. Sensação de impotência, de insegurança. Por questão de 40 segundos e eu poderia ter salvado a moça, ou ter morrido tentando. Não quero louros por ter feito o que considero meu dever. O que eu quero é que as autoridades tomem uma atitude de atuar mais junto à população", diz.
Para finalizar, o comerciário faz um desabafo em relação àqueles que preferiram pegar os celulares para registrar o fato antes de tomar a atitude de chamar as forças policiais. "É uma revolta misturada com nojo de todos os covardes que correram ou nada fizeram. Sempre tem alguém esperando a tragédia para fazer uma foto ou um vídeo e postar nas redes sociais. A vida está valendo pouco."
O tenente-coronel da Brigada Militar, André Luis Pithan, informou que o registro da ocorrência foi feito pela BM.
A ocorrência
A morte de Caroline Ramires, de 20 anos, aconteceu no domingo (13). Ela foi atacada pelo ex-companheiro, D.P. - de 27 anos -, na esquina das ruas Marechal Deodoro e Marechal Floriano no início da tarde. Foram 24 facadas desferidas pelo assassino. A jovem não resistiu aos ferimentos.
Fonte: Diário Popular