De acordo com vizinhos, a BM chegou até o local após Souza entrar em surto dentro de casa pela falta de medicamentos que tomaria diariamente. A família teria chamado o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para tentar acalmá-lo e medicá-lo. No entanto, ainda segundo as testemunhas, a ambulância demorou a atender o chamado e apenas a viatura da polícia se deslocou até a rua. "A mãe dele pediu apoio do Samu, que se recusou a vir sem a presença da Brigada. O problema é que os brigadianos chegaram e atiraram contra ele", contou uma das vizinhas da família, que preferiu não se identificar. De acordo com ela, foram pelo menos sete disparos. Um deles atingiu o pé do charreteiro e outro a cabeça.
Devido ao horário, dezenas de pessoas estavam na rua saindo para o trabalho ou levando os filhos para a escola. Um dos tiros parou em um carro estacionado a cerca de 60 metros da vítima. Outro atingiu outro veículo, este mais próximo. Uma pessoa ainda foi atingida de raspão.
Conforme a capitã Caldeira, que atendeu a ocorrência junto a outros quatro policiais, a ação que terminou na morte do morador foi em legítima defesa. "Ele estava em surto e armado com uma faca e um espeto, vindo na nossa direção. Tentamos contê-lo com balas de borracha, mas não foi o suficiente", justificou.
No entanto, para Andréia Aires, 22, sobrinha da vítima, faltou preparo dos policiais para lidar com a situação. "Ele era doente, tomava remédios controlados. O certo era o Samu vir até aqui, mesmo que fosse com a Brigada, para deixar tudo sob controle. Não fazer o que fizeram, matar a tiros no meio da rua", disse, enquanto prestava apoio à mãe de Souza, ainda em choque.
O comandante do 4º BPM da Brigada Militar, tentente-coronel Eduardo Perachi, garante que as circunstâncias que culminaram com os disparos e a morte serão analisadas pela corporação. "Já designei um capitão responsável pelo inquérito militar que irá ouvir todas as partes envolvidas, da família da vítima até moradores que testemunharam. Somente depois disso poderemos afirmar o que realmente aconteceu e as eventuais responsabilidades."
Agentes da Polícia Civil e do Instituto Geral de Perícias (IGP) que estiveram no local também deram início aos trabalhos de investigação. Segundo a delegada Lisiane Mattarredona, os brigadianos responsáveis pelos disparos foram identificados e levados para prestar depoimento. Imagens de câmeras de segurança de um estabelecimento próximo serão usadas no processo. "O caso será tratado como um homicídio. Agora vamos instaurar um inquérito civil e, se isso ficar comprovado, o processo poderá ser levado ao Tribunal do Júri", disse.
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