A partir de pesquisas sobre a história das imigrações e a formação cultural no Rio Grande do Sul, a partir do século 17, e uma visita a Portugal e à Espanha, o cantor Marco Aurélio Vasconcellos, o poeta Martim César e o instrumentista Marcello Caminha desenvolveram o CD Doze cantos ibéricos & uma canção brasileira. A obra terá lançamento nesta sexta-feira (26), no Theatro Esperança, de Jaguarão, com show dos músicos às 21h. Ingressos no local a R$ 25,00, antecipados, e R$ 29,00, na hora.
O poeta jaguarense Martim César conta que o disco nasceu de uma proposta do cantor Marco Aurélio Vasconcellos, que queria fazer um trabalho sobre a chegada de portugueses, açorianos, bascos, castelhanos e galegos, oriundos da Península Ibérica, nesta região do Estado. Aceito o desafio, César, responsável pelas letras das composições, empenhou-se na pesquisa, um trabalho que o levou junto com o parceiro até a Europa. “Estivemos nos locais de onde saíam estas pessoas”, conta.
As melodias ficaram por conta de Vasconcellos, que também interpreta as canções. Juntou-se a eles o instrumentista, guitarreiro Marcello Caminha, na produção musical, nos arranjos e nos violões. No disco ainda participam Marcello Caminha Filho (contrabaixo e percussão) e Elias Barboza (bandolim).
Fatos da história
Este é o quarto trabalho em conjunto de César e Vasconcellos, os anteriores foram Da mesma raiz, Já se vieram e Paisagem anterior - o primeiro e o terceiro tiveram a parceria de Paulo Timm e Alexandre Gonçalves. Doze cantos ibéricos & uma canção brasileira começou a ser produzido em 2013 e, apesar do longo tempo de construção do projeto, César não o considera o mais difícil, mas sim o “mais histórico”.
E o peso das pesquisas históricas aparecem não só nas composições, mas também no encarte, que se assemelha a um livro. Além das letras das composições, os autores recheiam o conteúdo com informações e dados levantados por historiadores. O material tem produção de Valder Valeirão e Elis Vasconcellos.
Depois do lançamento em Jaguarão, os músicos apresentarão o novo trabalho em Porto Alegre, dia 2 de junho, às 20h, no Teatro do Sesc, rua Alberto Bins, 665. A turnê chegará a Pelotas em outubro, na Bibliotheca Pública Pelotense.
Fusão rítmica
A viagem poético-musical no tempo é embalada por ritmos que fundem músicas espanholas, fado, cantigas açorianas e MPB. “Tem fado misturado com milonga”, diz.
Sobre a dificuldade em fazer esta fusão musical, o poeta diz que é mais fácil do que parece. A facilidade, segundo Martim César, vem do fato de que os três músicos têm antepassados portugueses e espanhóis. “Ouvimos bastante músicas bem antigas, mas de alguma forma já estava em nós.”
Todas as composições são baseadas em locais da Espanha, a exemplo de España cuando te nombro, e Portugal, como em Portugal tornou-se ilha, “uma paródia da vinda de dom João VI e sua corte em 1808, para fundar o Brasil ‘civilizado’”. Cada uma conta um pouco sobre as pessoas que saíram de lá.
A própria capa do CD, mostrando o “farol do fim do mundo”, em Corunha, região da Galícia, Espanha, faz a referência entre partidas e chegadas. “Um farol foi a última coisa que eles viram na saída e provavelmente o que viram na chegada ao Brasil”, fala o compositor. E por falar em chegar, esse é o tema da última e 13ª canção: Notícias da terra brasileira.
Serviço:
O quê: Doze cantos ibéricos & uma canção brasileira
Quando:sexta-feira, às 21h
Onde: Theatro Esperança, em Jaguarão
Ingresso: R$ 25,00 (antecipado)
DIÁRIO POPULAR