O Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil deflagrou uma ação para desarticular uma quadrilha que atuava no furto, roubo e adulteração de caminhões em todo o Brasil. A operação, chamada de Brasão de Armas, durou oito meses e identificou a parcela gaúcha que operava na organização criminosa, há mais de dez anos.
Os integrantes conseguiram acesso a dados do cadastro da Base de Índice Nacional, administrado pelo Denatran, com identificações de veículos montados em estados brasileiros. Os numerais eram regravados em veículos roubados, com destaque para dados de veículos montados no Brasil para exportação e de viaturas do Exército. A escolha dos criminosos por estes tipos se deve ao fato de não serem emplacados.
Os delegados Adriano Nonnenmacher e Marco Guns afirmam que foram identificados 19 membros da quadrilha no Rio Grande do Sul. Eles encomendaram e adulteram 41 caminhões em mais de dez anos, agindo principalmente em Pelotas, Canguçu, Rio Grande e Ibirubá, mas, no total, o núcleo criminoso conseguia atuar em 17 cidades gaúchas (Porto Alegre, Gravataí, São Sepé, Turuçu, Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre, Rio Grande, São Gabriel, Bagé, Ibirubá, Três Cachoeiras, Três de Maio, Chuí, Santana do Livramento, Santa Vitória do Palmar e Jaguarão).
Para sustentar a fraude, era necessária a participação de funcionários de CRVAs vinculados ao Detran, para que o caminhão roubado aparecesse como se fosse um novo nos registros através de documentos falsos.
A investigação apresentou à 1ª Vara Criminal da Comarca de Rio Grande três pedidos de prisões preventivas, 16 prisões temporárias, cinco mandados de condução coercitiva, 22 mandados de busca e 41 de apreensão, estes últimos referentes aos caminhões descobertos.
O prejuízo direto é contabilizado em R$ 11 milhões, considerando as vítimas do golpe. Na última semana, 200 policiais civis cumpriram 13 das prisões decretadas, sendo duas delas preventivas de comerciantes do setor de venda de caminhões no Sul do Estado.
De acordo com a polícia, um dos presos era o principal articular das encomendas, tendo realizado a venda de 25 dos 41 veículos. Ele agia com uma revenda em Pelotas.
O outro comerciante detido atuou no registro de dois caminhões regravados com numerações de viaturas do Exército, emplacadas em um extinto CRVA de Rio Grande. Dois vistoriadores e um ex-vistoriador do local também foram presos. A investigação segue em busca de um empresário que, juntamente a outro comparsa, atuava em Ibirubá, e é visto como o grande articular do esquema no Rio Grande do Sul.
Em apreensão recorde para uma operação, a polícia conseguiu recuperar 26 caminhões. Os veículos possuem numerações do Exército Brasileiro em vários centros de registro do país. Somente cinco caminhões puderam ser identificados até agora, devido à eficiência na fraude: um foi furtado em Eldorado do Sul, dois no de Rio Janeiro, um no Espírito Santo e outro em Minas Gerais.
Os próximos passos da operação terão enfoque fora do Estado, para que sejam desarticulados integrantes que possivelmente recebiam as encomendas de furto e roubos encaminhadas pelos dois comerciantes presos e o empresário foragido.
RÁDIO GAÚCHA