Um homem de 21 anos foi preso juntamente com seu primo, um menor de 13, apreendido por policiais militares do Pelotão de Operações Especiais (POE), no loteamento Ceval no fim da tarde desta segunda-feira (24). Eles são apontados pela Brigada Militar como autores do crime que matou Kemily Vitória Rosa Farias, cinco anos, por volta das 16h30. Ela foi atingida por bala perdida enquanto brincava no pátio de casa, no Loteamento Barão de Mauá, Zona Sul de Pelotas.
O maior de idade, de iniciais E.P.V., é o principal suspeito de ser o responsável pelo disparo que atingiu Kemily. Ele cumpria pena de prisão domiciliar desde abril por assalto à mão armada. Com a dupla, a Brigada apreendeu munições calibre.38, maconha e balança de precisão. Conforme a Brigada Militar, o tiroteio foi motivado por um acerto de contas com um adolescente de 16 anos.
Na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) E.P.V., negou ser o responsável pela morte da menina e admitiu integrar uma das organizações criminosas que disputam o domínio dos pontos de venda dedrogas na cidade.
O crime
Kemily foi baleada próximo ao coração durante o tiroteio. A criança brincava com os irmãos perto da mãe quando homens armados começaram a trocar tiros e invadiram o pátio da casa da menina. Ela foi socorrida pelo Samu mas morreu no Pronto-Socorro de Pelotas. Familiares dela dizem que tiroteios são comuns na região e vivem sob constante insegurança. "Minha sobrinha morreu por conta do descaso. Ela só estava brincando e era uma criança. O que mais falta para alguém olhar pelo nosso bairro? Só com uma criança morrendo é que as autoridades vão tomar uma providência" desabafou uma tia da menina.
Ela conta que em diversas ocasiões a mãe de Kemily e seus irmãos precisaram ficar deitados no chão da casa onde moram devido aos constantes conflitos entre criminosos que dominam a região. "O bairro virou terra de ninguém, está abandonado. Muita violência diariamente", disse.
Kemily era uma dos seis filhos do casal Tauana e Anderson. Agachado em frente ao PSP, com as mãos no rosto e inconsolável, o pai dela preferiu não dar entrevistas. Ele estava trabalhando em São Lourenço do Sul quando foi avisado de que a filha tinha sido baleada no pátio de casa. Ele garante o sustento da família com o trabalho de carga e descarga. A mãe da menina é dona de casa.
A tia de Kemily estava no PS aguardando o nascimento da neta quando soube que a sobrinha havia sido baleada. Descreve a criança como uma menina tranquila, alegre e carinhosa. "Estava sempre na volta da mãe e dos irmãos. Uma menina doce, cheia de sonhos. Isso é uma tragédia", lembrou.
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