A menos de 15 dias para o fim do ano, Pelotas atingiu 100 homicídios na tarde de segunda-feira (18). Iron Brizolara Leitzke, 29, caminhava pela rua Dez, do loteamento Getúlio Vargas, quando foi atingido por um tiro na cabeça. Em plena luz do dia, por volta das 13h, crianças com brinquedos em mãos olhavam o corpo de Leitzke estendido no chão de terra batida, cena comum aos olhos de quem mora por lá. Segundo a Brigada Militar (BM), a vítima estava em liberdade condicional. A mulher dele preferiu não se manifestar. Mais tarde, por volta das 17h, o corpo de Natan Nunes Ramos, 17, foi encontrado por moradores próximo à ponte de Rio Grande. O adolescente tinha marcas de disparos no rosto e na cabeça.
O bairro Três Vendas concentra 24% dos homicídios praticados em Pelotas até agora. O número representa que 24 pessoas foram executadas no local. Pelo menos oito foram cometidos no BGV.
O Areal e o Centro da cidade, juntos, acumulam 30% dos assassinatos, segundo levantamento do Diário Popular com base nos dados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Logo em seguida, o bairro Fragata com 13%, onde o menino Davi Brizolari, de três anos, foi espancado até a morte pelo padrasto em novembro. Os demais casos ocorreram no Porto, no Anglo, no Navegantes, no Balneário dos Prazeres, na Colônia de Pescadores Z-3 e na Zona Rural de Pelotas.
A avaliação mostra que 70 das 100 pessoas assassinadas foram mortas a tiros. Embora o meio mais utilizado ainda seja a arma de fogo, o cenário de 2017 aponta para aumento nos crimes cometidos com arma branca. O que antes era minoria, este ano, apareceu em - pelo menos - 15 homicídios.
Morte de Iron Brizolara Leitzke foi a centésima do ano em Pelotas (Foto: Jô Folha)
Das vítimas, 52 são jovens entre 18 e 30 anos. Do total de assassinados, 39 tinham idades entre 31 e 78 anos. Recém-nascidos, crianças e menores de idade representam dez casos. Homens são os que mais morrem em Pelotas; eles são 95 dos mortos. Mulheres vítimas em 2017: Ana Janete Flores Nunes, 50, Victoria Helwig Pereira, 17, Kemily Vitória Rosa Farias, seis, Nathaly Vieira dos Santos, 18, e Maria Sueli Dias de Oliveira, 78.
Para o titular da 18ª Delegacia de Polícia Regional (DPR), Márcio Steffens, ainda que o tráfico de drogas seja o principal motivador para a consumação, crimes passionais e brigas em bares apontam para uma realidade diferente de 2015, quando Pelotas atingiu 109 homicídios, 80% motivados pela guerra entre organizações criminosas que disputam o domínio do tráfico de drogas na cidade. Este ano, até discussão sobre as chaves de casa foi motivo para matar. É o que aconteceu Vanderlei Feijó Hernandes, morto a tiros em setembro deste ano, na avenida Fernando Osório.
Os crimes cometidos até o fechamento desta edição representam aumento de 48,5% em relação ao ano de 2016, quando a cidade atingiu 68 execuções.
Esperança
O delegado vê no Pacto Pelotas pela Paz, projeto da prefeitura de Pelotas para diminuir os índices de criminalidade, uma esperança para dias melhores, já que, segundo ele, a atual situação não é uma questão apenas de polícia. "O Pacto engloba a realidade socioeconômica e a inclusão social. A Polícia Civil dá todo apoio, acreditamos nisso", comentou.
Desde o início do ano, a DHPP prendeu mais de 60 pessoas por envolvimento em homicídios e remeteu ao Foro de Pelotas aproximadamente 300 inquéritos. O índice de resolução dos casos é de 80%.
Pacto Pelotas pela Paz
A iniciativa municipal foi pensada em janeiro pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) que percebeu a necessidade de uma medida de repressão, combate e prevenção - através de ações de integração entre os órgãos de Segurança Pública - para frear os índices de criminalidade na cidade que vê os seus indicadores criminais dispararem. A consultoria técnica da Comunitas e do Instituto Cidade Segura mapeou as principais carências locais e trouxe exemplos de políticas públicas desenvolvidas em outras cidades que tiveram sucesso em reduzir homicídios e roubos.
Nos últimos 14 anos, Pelotas foi testemunha de um aumento de mais de 480% nos assassinatos. Em 2002, 17 pessoas foram assassinadas na cidade. Treze anos depois, em 2015, o município atingiu a marca até então histórica de 109 homicídios, a pior da última década. Ao que indicam especialistas na área da Segurança Pública, 2017 se encaminha para o mesmo cenário ou para um ainda pior. Projeção feita por estudiosos do Pacto Pelotas pela Paz indica que este ano Pelotas deve superar o número de execuções ocorridas em 2015.
Das vítimas, 52 são jovens entre 18 e 30 anos. Do total de assassinados, 39 tinham idades entre 31 e 78 anos. Recém-nascidos, crianças e menores de idade representam dez casos. Homens são os que mais morrem em Pelotas; eles são 95 dos mortos. Mulheres vítimas em 2017: Ana Janete Flores Nunes, 50, Victoria Helwig Pereira, 17, Kemily Vitória Rosa Farias, seis, Nathaly Vieira dos Santos, 18, e Maria Sueli Dias de Oliveira, 78.
Para o titular da 18ª Delegacia de Polícia Regional (DPR), Márcio Steffens, ainda que o tráfico de drogas seja o principal motivador para a consumação, crimes passionais e brigas em bares apontam para uma realidade diferente de 2015, quando Pelotas atingiu 109 homicídios, 80% motivados pela guerra entre organizações criminosas que disputam o domínio do tráfico de drogas na cidade. Este ano, até discussão sobre as chaves de casa foi motivo para matar. É o que aconteceu Vanderlei Feijó Hernandes, morto a tiros em setembro deste ano, na avenida Fernando Osório.
Os crimes cometidos até o fechamento desta edição representam aumento de 48,5% em relação ao ano de 2016, quando a cidade atingiu 68 execuções.
Esperança
O delegado vê no Pacto Pelotas pela Paz, projeto da prefeitura de Pelotas para diminuir os índices de criminalidade, uma esperança para dias melhores, já que, segundo ele, a atual situação não é uma questão apenas de polícia. "O Pacto engloba a realidade socioeconômica e a inclusão social. A Polícia Civil dá todo apoio, acreditamos nisso", comentou.
Desde o início do ano, a DHPP prendeu mais de 60 pessoas por envolvimento em homicídios e remeteu ao Foro de Pelotas aproximadamente 300 inquéritos. O índice de resolução dos casos é de 80%.
Pacto Pelotas pela Paz
A iniciativa municipal foi pensada em janeiro pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) que percebeu a necessidade de uma medida de repressão, combate e prevenção - através de ações de integração entre os órgãos de Segurança Pública - para frear os índices de criminalidade na cidade que vê os seus indicadores criminais dispararem. A consultoria técnica da Comunitas e do Instituto Cidade Segura mapeou as principais carências locais e trouxe exemplos de políticas públicas desenvolvidas em outras cidades que tiveram sucesso em reduzir homicídios e roubos.
Nos últimos 14 anos, Pelotas foi testemunha de um aumento de mais de 480% nos assassinatos. Em 2002, 17 pessoas foram assassinadas na cidade. Treze anos depois, em 2015, o município atingiu a marca até então histórica de 109 homicídios, a pior da última década. Ao que indicam especialistas na área da Segurança Pública, 2017 se encaminha para o mesmo cenário ou para um ainda pior. Projeção feita por estudiosos do Pacto Pelotas pela Paz indica que este ano Pelotas deve superar o número de execuções ocorridas em 2015.
(Arte: Augusto Barros)
DIÁRIO POPULAR